Wednesday, September 21, 2005

EXCRITOS


Excritos nasceram em abril de 1976. Mentira, ou meia verdade. Eu nasci em abril de 1976.
Foi então que comecei a sentir, pensar, achar e mais tarde “ter coisas”.
Quando comecei a “ter coisas” eu não me lembro, mas deve ter sido lá pelos poucos anos, aqueles que valem muito.
E então, de lá pra cá começou a necessidade de expulsão, “de excreção das coisas”.
Claro, que já tinha notado que algumas coisas saíam de mim...o xixi,o coco,o suor... Mas isso não chegava a me esvaziar, e veja bem, eu posso explodir se não esvazio. Preciso de espaço para coisas novas sabe?
Com cheirinho de recém nascido!
E então comecei a tentar. Escolinha de artes: pintura, macramê e argila. E mais tarde a dança. Nos encontramos ainda pequenas. Eu, e ela em mim. Crescemos juntas, e por um bom tempo ela me ajudou. Era minha tradutora e interprete. Muitas vezes me avisava de sentimentos ainda não sentidos. A dança, em minhas veias, pensava pelo meu corpo. Ainda nos damos muito, volta e meia namoramos. Mas de repente, encontrei, ainda pequena, (que é quando encontramos muito do que vale a pena!) as folhas brancas e silenciosas dos cadernos.
E ali nasceram os primeiros EXCRITOS. Sim, são saídos de mim os excritos, são excretados de minha alma e ao mesmo tempo não me pertencem.
Por isso são sempre EX, de ontem, do passado, já nascidos à andar sozinhos por aí.
Eles, os EXCRITOS, tem vida própria, e a ela pertencem. Só me usam como um espírito usa o médium, se assim posso dizer.
Não sou eu aqui, embora parte de mim neles esteja.
São fragmentos do que fui no momento em que, em mim, eles habitavam.
Agora, já sou outra.
Não escrevo por que quero.Escrevo por que preciso Ex-cre-ver-me.

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