Saturday, November 03, 2007

CORAÇÃO

Pai nosso de todo dia
Santificado seja o NOSSO nome,
Pois, ao livrar-nos da culpa
Deste a nós o nosso reino.

E assim, contigo, pudemos,
Da responsabilidade viver em liberdade.
Criando o pão nosso de cada dia,
De acordo com a nossa vontade.

Perdoando a quem nos tem ofendido,
Aprendemos contigo a lição.

E em ti, Pai, agradecemos,
O dom maior que a própria vida,
(este que de ti já recebemos)
E com ele a redenção:

Âmem, pai
Âmem, filhos
E a todos, e tudo,
Âmem.




Pai. Muito obrigado para sempre.
De nossas mães, nossos pais, dos teus e nossos filhos.


Tua Ana Luisa. Porto Alegre, 31 de outubro de 2007
A MINHA PROFISSÃO

Quando as pessoas me perguntam o que eu faço, na maioria das vezes tenho vergonha de dizer.
Minha profissão é uma dessas que ficou difamada por si mesma.
Não, não é isso que pode-se estar pensando,embora, muitas vezes a prostituição, seja muito mais útil que este trabalho.
Eu não, eu faço parte de um time conhecido por ser chato mesmo.
Aquele amigo metido a sabe tudo que a gente foge quando cruza na rua, ou aquela amiga meio perua que a gente pensa que nem trabalha, ou pior, aquele vizinho que a gente jura que tem depressão e passa o final de semana inteiro lendo, de tão branco e triste.
Não, eu não quero falar o nome da minha profissão, até por respeito aos colegas, que, na verdade muitas vezes não merecem respeito...
Então de hoje em diante decidi que vou me anunciar:
Ana Luisa Schuck Guedes – Artesã de Almas.
Só posso dizer que meu trabalho é lindo, até quando é feio.
Meu trabalho fala pelo silêncio e silencia pela palavra.
Meu trabalho é cinza e multicor.
Meu trabalho é invisível, meu trabalho é o amor
Me chegam tecidos descoloridos, puídos e rasgados, e no silêncio do invisível eles começam a trabalhar. Sim meu trabalho trabalha sozinho.
Trabalho com almas. No início penadas.
Eu ofereço meu colo quente, minhas mãos leves e meu olhar atento.
Não uso agulhas para não machucar, nem faço marcação com alfinetes, pois a roupa da alma não me pertence.
Eu assisto com cuidado a transformação do bicho da seda:
Alimento-o, aqueço-o e o deixo ser.
E quando a cor retorna ao desbotado, os puídos são cerzidos e os rasgos remendados com o transparente fio de amor verdadeiro, ricos bordados aparecem.
Então eu me levanto e, apenas ajudo aquela criança a se vestir de si.
Sou apenas uma artesã de Almas
E por esta lida sim, eu tenho amor, carinho e orgulho.

05 de outubro de 2007