Monday, September 19, 2005

All We need is love

Título de uma crônica que inspirou a Titia do Rock ‘n Roll, Amor é prosa, sexo é poesia é o recente livro do Arnaldo Jabor, e, na minha opinião, o início de um anti-movimento, como diziam os tribalistas.
E foi assim que eu acabei de devorar todas as crônicas ali contidas, paradinha, quietinha, desplugada. Completamente acústica! Jabor pediu, eu cedi e gostei. O livro quase grita: PARE, OLHE, ESCUTE e, se agüentar: SINTA!
Um sinal vermelho, um control alt del no que o autor define como desencantamento insuportável na vida social que a cultura americana nos entulhou no pós-64.
Não tá enteindeindo? Eu explico.
Jabor pára o trânsito. Não pede passagem, não quer atenção, nem sei se quer ser lido. Não agüenta mais celebritismos pós-modernos.
Jabor apenas pára, sente e fala da gente.
Fala do mundo de silicone, das bundas de mentira na internet, do teu msn pulando enquanto teu celular toca e o palmtop baixa 100 músicas, filma, tira fotos e te avisa pra atualizar o orkut. Alerta de que, enquanto isso, a vida passa. Passa e a gente não viu nem se era de tarde, de noite ou de dia. Nem deu pra anotar a placa, quanto mais pra sentir alguma coisa ou lembrar de ligar pra quem se ama.
Se é que dá tempo pra descobrir o que é amor com tanta bunda no mercado.
Pro Jabor, amor é bossa nova, sexo é carnaval. Amor não exige a presença do outro, o sexo, no mínimo de uma mãozinha. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST! Jabor fala de menos pegadas e de mais mãos dadas.
Jabor pede, sem querer impor, que cheiremos menos e respiremos mais, liguemo-nos menos e vejamo-nos mais, pulemos menos e dancemos mais. E, acima de tudo, avisa que altas sensações não têm nada ver com grandes sentimentos.
Jabor fala de música, de praia, de guerra e de paz, de empada com azeitona e chope na beira do mar. Fala da caretice da direita que pirou no pós-64 e virou caretice de esquerda travesti! Pros extremos e extremados, Jabor pede um tempo, pede que deixemos o tempo passar, e não fiquemos passando o tempo.
Jabor quer tempo pra paz, quer tempo pra nós, e se pergunta, indignado:
Onde é que estão os hippies, agora que precisamos deles?
E eu penso...tão aqui Jabor, escondidos dentro de nós, mas dessa vez com muito medo...medo de amar.
Paz e Amor, Poa Vibe!

Coluna escrita para o site de variedades poavibe.com.br

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