Thursday, June 14, 2007

"Stadinervos"


Doença mental no jargão popular. Neurose para Sigmund Freud, Patologia da Moral para Nietzsche.
Que importa o rótulo? Estamos sofrendo. Entramos na casinha e jogamos a chave fora.
Não somos mais nós mesmos.
A Causa? Lá vamos nós. Repressão instintiva chama o Dr. de Viena; Moral: “O homem doente de sí mesmo” nos diz o bigodudo alemão, inconsciente constipado digo eu, ou, ausência da paixão na vida um renomado professor.

O fato: Pulamos para fora da vida, “encapamos nossos nervos”, não queremos mais sentir. Emoções? Tô fora.

A vida? O acaso? A incerteza sobre o futuro? Poder morrer abrubtamente?
(ou ganhar na loteria de repente?) esse negócio inconsciente, eloqüente, inconseqüente ?
Deusquemelivre!!!

E o mestrado? O Doutorado, o casamento, chá de fraldas, filhos antes dos 30?
Méquefica? Tudo aquilo que é certo, correto, moral e não engorda?
Pára com isso. Tenho que me comportar.

Fecha com Bonder este tal de inconsciente que não pára de me dar vontades...
Até de virar pintor. Pintor! Músico! Artista! Vê se pode...
Manda fechar! Organiza tudo!
Assim: Vida aqui, deste jeito: passado ali na segunda gaveta, futuro lá no departamento de seguros e pronto! Tô Louco.

E como diz o poeta... “A criança que fui chora na estrada!”
E nestes casos BERRA a pobrezinha. Me afastei do melhor de mim.
Estou só, nu, sem alma.
Estou Oco. Eco Oco.

E na tentativa desesperada de me buscar, acho na primeira esquina um engano.
Alguma coisa parecida com um atalho, que promete me levar pra casa por 10 pilas e me leva pro fim do mundo. O nome? No livro é sintoma, ou, o “meu” jeito de gritar socorro, um jeito de barganhar comigo mesmo.
Mais ou menos assim:

“Ok. Eu lavo a mão 400 vezes por dia até sangrar e paro de pensar, mas não me vêm com esta de sentir e de viver. Sentir e viver até dá, mas sem sofrer deal?
E a gente acredita que a vida deveria ser como a gente combinou...

Eu mando e ela cala a boca.

Assim nascem o que os livros chamam de “Psicopatologias” ou como dizia o Caio Fernando Abreu: “Stadinervos”.

As escolhas são muitas, de acordo com o “jeito” de cada um, ou melhor, de acordo com o jeito que cada um dá.
Toc, Histeria, Síndrome do Pânico. Tudo isso é feito, em minha opinião, dá mesma farinha:
A negativa da aceitação do caráter inconsciente da vida, e, obviamente, nossa sempre falha iniciativa em querer comandar o espetáculo.

E o triste... o mais triste mesmo, é, que enquanto não consigo sair da casinha, lavando e lavando estas mãos, a Lauryn Hill canta no Pepsi on Stage, e o The Police inicia turnê.

Mas com licença, é melhor lavar as mãos! Não são tantas as emoções?
Tô Fora Bicho. Já diria o Roberto Carlos esquecido que viver dói, mas vale a pena.

2 comments:

Cinthya Verri said...

Muitas coisas belíssimas, querida.
Um tratado sobre a doença mental.
Apaixonante.
Uma delícia.

Eliana Guedes said...

Hoje eu pensava na aula: matar um leão por dia? Isso é fácil. Me diz onde ele tá que eu mato. Agora essa de ficar inventando que leão é casa de botão, lâmpada queimada, dor nos quarto...
pobre do leão! É ELE o rei da floresta!